Eclosão da mediunidade
Eclosão da
mediunidade
As
ocorrências mediúnicas podem surgir a qualquer tempo e, para serem edificantes,
precisam ser consideradas com seriedade de propósitos e intenção nobre.
As
instituições espíritas devem orientar a prática da mediunidade, pois esta
faculdade pode manifestar-se em qualquer pessoa, independentemente de idade,
crença, raça etc.
A
faculdade mediúnica ostensiva sem direcionamento correto pode produzir
distúrbios comportamentais, orgânicos ou até mentais, mediante perturbações no
indivíduo e na família.
A
mediunidade, como instrumento de trabalho, conduz o indivíduo ao progresso,
oferecendo significativa contribuição ao bem geral. Ser médium é agir como elo
entre diferentes planos da vida, permitindo que desencarnados sofredores
recebam a orientação e o apoio que necessitam, assim como possibilitar aos bons
Espíritos a chance de transmitirem mensagens de consolo e esperança.
Um
dos objetivos da mediunidade é a transformação moral e espiritual da humanidade
em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos.
A
aptidão mediúnica permite, pelo trabalho edificante, ao indivíduo resgatar
equívocos de vidas passadas e concretizar compromissos assumidos no
planejamento reencarnatório.
Possuir
mediunidade ostensiva não é, necessariamente, indicativo de evolução moral e
intelectual, mas alguém que recebeu importante ferramenta de trabalho, por
determinação superior, deve utilizá-la como meio de autoaperfeiçoamento.
O
surgimento da mediunidade conduz a uma atividade programada para ser realizada
durante a reencarnação. Sendo a mediunidade inerente ao psiquismo humano, ela
se desenvolve naturalmente ao longo das experiências reencarnatórias e nas suas
vivências no plano espiritual.
O
surgimento da mediunidade pode ocorrer em qualquer etapa da existência:
infância, adolescência, fase adulta ou, mais raramente, na velhice, pois a
capacidade de interagir ou de comunicar é inerente ao ser humano.
O
corpo físico constitui-se em importante meio de comunicação que se interpõe
entre os diferentes planos de vida, exigindo que esse elemento seja adequado a
fim de favorecer a manifestação de fenômenos mediúnicos.
O
médium de efeitos patentes depende de uma organização mais ou menos sensitiva e
essa faculdade não se revela da mesma maneira em todos os sensitivos. Há
relação entre a manifestação da faculdade mediúnica e a organização física
apropriada. É preciso entender que o corpo físico só revela a desejável
sensibilidade à manifestação mediúnica devido a ação do perispírito que impõe
ao veículo somático os necessários implementos, antes da reencarnação do
médium.
O
perispírito é modelador do corpo físico e os órgãos são instrumentos da
manifestação das faculdades da alma. Essa manifestação se acha subordinada ao
desenvolvimento e ao grau de perfeição desses mesmos órgãos.
A
construção do corpo físico, a partir do molde perispirítico, não é igual em
todos os médiuns. Os médiuns têm uma aptidão especial para os fenômenos desta
ou daquela ordem, de modo que há tantas variedades quantas são as espécies de
manifestações.
A
faculdade mediúnica reside no organismo e independe da moral. Já o uso da
mediunidade pode ser bom ou mau, de acordo com as qualidades do médium. Por
isso, a prática mediúnica requer base moral fundamentada no Evangelho e no
conhecimento fornecido pelo Espiritismo.
Podem
ocorrer distúrbios físicos e psicológicos quando a mediunidade surge. Conforme
o grau de sensibilidade e controle do médium iniciante, esses desconfortos
podem se revelar intensos, produzindo desarmonias nem sempre bem administradas.
A
eclosão da mediunidade revela-se como momento de fundamental importância, mas
nem sempre a pessoa é convenientemente assistida, seja por ignorância a
respeito do assunto, por desinteresse ou desatenção de familiares e amigos.
Em
outras ocasiões, os médiuns iniciantes podem se revelar fascinados pelo
entusiasmo excessivo diante de revelações espirituais, requerendo atendimento e
apoio de irmãos experimentados. Nesse contexto, a Casa Espírita e os grupos
mediúnicos assumem importantes responsabilidades para orientar o médium
iniciante.
Auxiliar
a educação da mediunidade e o aprimoramento mediúnico não é tarefa fácil. Exige
dos dirigentes espíritas devotamento nessa tarefa e disposição para orientar
com sabedoria, bondade e paciência, sobretudo se o médium iniciante apresenta
desarmonias.
No
início, os médiuns sintonizam-se facilmente com Espíritos que se identificam
com os encarnados e a vida do plano físico. Nem sempre são Espíritos evoluídos,
cuja influência pode constituir-se em algo problemático. Por conseguinte,
médiuns iniciantes podem lidar com Espíritos inferiores. Feliz o médium quando
se tratar apenas de Espíritos levianos. Nesse sentido, os médiuns precisam
estar atentos a que tais Espíritos não assumam predomínio, porque nem sempre
será fácil desembaraçar-se deles.
Geralmente,
os médiuns principiantes querem participar, imediatamente, de uma reunião
mediúnica. Tal desejo não deve ser incentivado por dirigentes e orientadores
encarnados da Casa Espírita, porquanto o médium necessita, primeiramente,
desenvolver os seus estudos a respeito da mediunidade e aprender a ter controle
sobre a sua faculdade antes de participar das reuniões mediúnicas.
A
orientação espírita segura será no sentido de amparar o médium principiante por
meio de palavras fraternas, de apoio e conforto espiritual, indicando-lhe o uso
do passe, da oração e da prática da caridade, orientando-o a integrar um grupo
de estudos doutrinários, de mediunidade e do Evangelho, a fim de fortalecer as
suas defesas psíquicas e morais.
O
iniciante precisa compreender o que é ser médium, como exercitar a faculdade
mediúnica e de que forma os Espíritos atuam no pensamento e atos de cada um,
porquanto a força mediúnica não ajuda nem edifica quando distante da caridade e
ausente da educação. A vida e o tempo exigem trabalho e melhoria, progresso e
aprimoramento.
O
Espírito Emmanuel, no livro “O Consolador”, na psicografia de Francisco Cândido
Xavier, no Capítulo de Mediunidade: Desenvolvimento; e Preparação, traz alguns
ensinamentos e esclarecimentos a respeito deste tema:
“A
missão mediúnica se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das
mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos
seus filhos misérrimos.
Sendo
luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da
alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena,
enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência,
sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela
face do mundo”. (...)
“Ninguém
deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse
terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a floração
mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com
as melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade
psíquica a mais humilde de todas.
A
mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da
atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é
indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos
mentores do plano espiritual”. (...)
“A
primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregas
às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com
o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão”. (...)
“Os
mentores de um médium, por mais dedicados e evoluídos, não lhe poderão tolher a
vontade e nem lhe afastar o coração das lutas indispensáveis da vida, em cujos
benefícios todos os homens resgatam o passado delituoso e obscuros,
conquistando méritos novos.
O
médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em
todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente desse modo poderá
habilitar-se
para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os
Espíritos sinceros e devotados ao bem e à verdade.
Se
um médium espera muito dos seus guias, é lícito que os seus mentores
espirituais muito esperam do seu esforço. E como todo progresso humano, para
ser continuado, não pode prescindir de suas bases já edificadas no espaço,
sempre que possível, criando o hábito de conviver com o Espírito luminoso e
benefício dos instrutores da Humanidade, sob a égide de Jesus, sempre vivo no
mundo, através dos seus livros e da sua exemplificação.
O
costume de tudo aguardar de um guia pode transformar-se em vício detestável,
infirmando as possibilidades mais preciosas da alma. Chegando-se a esse
desvirtuamento, atinge-se o declive das mistificações e das extravagâncias
doutrinárias, tornando-se o médium preguiçoso e leviano responsável pelo desvio
de sua tarefa sagrada”.
Autor: Juan
Carlos Orozco
Bibliografia:
EMMANUEL
(Espírito); (psicografado por) Francisco Cândido Xavier. O Consolador.
29ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Espíritos. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição.
Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
MOURA, Marta
Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática.
Programa I. 2ª Edição. Brasília/DF, Federação Espírita Brasileira, 2018.
ROCHA,
Cecília (Organizadora). Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita: programa
complementar. Tomo Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita
Brasileira, 2018.

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