Educação da faculdade mediúnica

 


Educação da faculdade mediúnica

 

A educação da faculdade mediúnica requisita do médium esforço perseverante e deve ser exercida no ambiente seguro das casas espíritas, que funcionam como escolas de formação espiritual e moral, que trabalham à luz da Doutrina Espírita.

A formação de bons médiuns espíritas conta não apenas com os imprescindíveis esforços do candidato à tarefa, mas com a segura orientação doutrinária e exemplos de moralidade cristã dos orientadores e dirigentes dos centros espíritas.

A educação ou desenvolvimento da faculdade mediúnica acontece ao longo da vida. Começa antes da reencarnação, continua nela e prossegue no Além-túmulo. É trabalho de incessante aperfeiçoamento.

O desenvolvimento de qualquer faculdade humana não dispensa preparo e trabalho perseverantes. A educação da mediunidade está relacionada a algumas condições, consideradas básicas: amparo espiritual; estudo doutrinário espírita; conduta moral e autoconhecimento; gratuidade da prática mediúnica.

Amparo espiritual

Quando da eclosão da mediunidade, é comum o médium ser assaltado por um clima psicológico de emoções contraditórias, variável em intensidade, de acordo com a personalidade do médium, sua sensibilidade e conquistas morais e intelectuais.

Às vezes, tais dificuldades podem ser somatizadas, produzindo desconfortos físicos plenamente superáveis, à medida que o médium adquire maiores esclarecimentos e controle de si mesmo. Sugere-se, então, que nessa fase, em especial, o médium receba assistência espiritual na Casa Espírita, caracterizada pelo diálogo fraterno, passe e água fluidificada (magnetizada); participação em alguma atividade de assistência e promoção social; frequência a palestras evangélico-doutrinárias; culto do Evangelho no Lar e hábito de oração.

Alcançado o reajuste espiritual, o médium é encaminhado ao estudo regular do Espiritismo, inscrevendo-se em cursos básicos ou específicos da mediunidade, conforme o nível de conhecimento espírita que ele possua.

Para que ocorra desenvolvimento harmônico da faculdade mediúnica, o médium conta com o auxílio de benfeitores espirituais e orientadores encarnados. Os primeiros são indicados pelo Espírito protetor do médium, também chamado de anjo da guarda ou bom gênio é o que tem por missão seguir o homem na vida e ajudá-lo a progredir.

A ação dos protetores espirituais junto ao protegido é sempre discreta, regulada para não tolher-lhe o livre-arbítrio. Em situações específicas, o Espírito protetor permite o auxílio de outros Espíritos, mais diretamente vinculados ao médium pelos laços de simpatia, a fim de lhe facilitar o processo de educação da faculdade mediúnica, uma vez que tais Espíritos demonstram para com o médium semelhança de gostos e de sentimentos, mas a duração de suas relações se acha quase sempre subordinada às circunstâncias.

No âmbito do Centro Espírita, cabe aos coordenadores e monitores dos cursos regulares de Estudo e Prática de Mediunidade e aos dirigentes de grupos mediúnicos a tarefa de orientar e auxiliar os médiuns. A equipe que colabora com a formação e educação do médium, dentro e fora do grupo mediúnico, deve cuidar-se para manter-se atenta aos propósitos e à natureza dessa tarefa espírita, a fim de obter bons frutos.

Estudo doutrinário espírita

O estudo espírita se revela como uma necessidade que não deve ser adiada ou dificultada, pois proporciona ao médium o devido conhecimento doutrinário, orientando-o a respeito da natureza dos Espíritos que podem utilizar sua faculdade mediúnica e como manter com eles relações fraternas e respeitosas.

O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e à verdade.

É importante que o médium só seja encaminhado ao grupo mediúnico, propriamente dito, depois de aprender, em estudo regular, como realizar intercâmbio com os Espíritos. Esta condição é adquirida nos cursos continuados de mediunidade que devem, necessariamente, aliar teoria e prática da mediunidade.

Às vezes, surgem médiuns principiantes que apresentam harmonia e controle espirituais. Podem, portanto, serem encaminhados ao grupo mediúnico. Entretanto, mesmo nessas condições, ele não está dispensado da frequência, concomitante, às reuniões de estudos oferecidas pela Casa Espírita.

O escolho com que se defronta a maioria dos médiuns principiantes é o de terem de lidar com Espíritos inferiores, e feliz do medianeiro quando se trata apenas de Espíritos levianos. Devem estar muito atentos para que tais Espíritos não assumam predomínio, porque, caso isso aconteça, nem sempre lhe será fácil desembaraçar-se deles. Este ponto é de tal modo importante, sobretudo no começo, que, não sendo tomadas as precauções necessárias, podem-se perder os frutos das mais belas faculdades.

Conduta moral e autoconhecimento

O esclarecimento doutrinário associado ao esforço de melhoria moral permite ao médium elaborar diretrizes de autoconhecimento, necessárias à conscientização dos limites das próprias capacidades e conquistas, transformando-o, assim, em valioso instrumento de intercâmbio entre os dois planos da vida.

Todas as imperfeições morais são outras tantas portas abertas ao acesso dos Espíritos maus. Porém, a que eles exploram com mais habilidade é o orgulho, porque é a que a criatura menos confessa a si mesma. O orgulho tem perdido muitos médiuns dotados das mais belas faculdades e que, se não fora essa imperfeição, teriam podido tornar-se instrumentos notáveis e muito úteis, ao passo que, presas de Espíritos mentirosos, suas faculdades, depois de se haverem pervertido, aniquilaram-se, de sorte que diversos deles se viram humilhados pelas mais amargas decepções.

O médium vigilante, mesmo no início da tarefa, procura conhecer as más inclinações que ainda possui, esforça-se no desenvolvimento de virtudes e identifica nas provações oportunidade de reajuste espiritual, sem perder de vista as artimanhas e os assaltos dos Espíritos evolutivamente retardatários. Tratam de aproveitar os seus breves instantes para avançar pela senda do progresso, única que os pode elevar na hierarquia do mundo dos Espíritos, esforçando-se por fazer o bem e reprimir seus maus pendores.

Gratuidade da prática mediúnica

A prática mediúnica não deve ser profissionalizada. A mediunidade é uma coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. Aquele que não tem do que viver, procure recursos em qualquer parte, menos na mediunidade.

A mediunidade séria não pode ser jamais uma profissão, não só porque se desacreditaria moralmente, sendo logo identificada com os ledores da boa sorte, como também porque um obstáculo material a isso se opõe. É que se trata de uma faculdade essencialmente móvel, fugidia e variável, com cuja perenidade ninguém pode contar. Seria, pois, para o explorador uma fonte absolutamente incerta de receitas, que pode lhe faltar no momento em que mais precise dela.

A mediunidade não é arte, nem talento, razão pela qual não pode tornar-se uma profissão. Ela não existe sem o concurso dos Espíritos; faltando estes, já não há mediunidade. A aptidão pode subsistir, mas o seu exercício se anula. Portanto, explorar a mediunidade é dispor de uma coisa da qual não se é realmente dono.

A prática mediúnica, usual na casa espírita é considerada como um instrumento de aperfeiçoamento espiritual disponibilizada por Deus que, neste aspecto, pode configurar uma provação, expiação ou missão, de acordo com as necessidades evolutivas do Espírito reencarnado.

A mediunidade provacional, também denominada mediunidade-tarefa, tem como objetivo reparar equívocos cometidos em existências pretéritas. Reveste-se de provas ou tribulações escolhidas pelo Espírito, antes da sua reencarnação.

A expiação, por outro lado, refere-se à necessidade de cumprir ou expiar uma pena, decorrente de grave violação à Lei de Deus.

Na mediunidade de expiação, os médiuns são atormentados por Espíritos perturbados e perturbadores. Todavia, alerta Allan Kardec: “sabemos que a duração da expiação está subordinada ao melhoramento do culpado”.

A mediunidade de missão ou missionária é conquista do médium, que durante a reencarnação se compromete em promover e fazer o bem: renasce com o compromisso de instruir os homens, em ajudá-los a progredir, em melhorar suas instituições, por meios diretos e materiais. O Espírito se depura pela encarnação, concorrendo, ao mesmo tempo, para a execução dos desígnios da Providência.

Autor: Juan Carlos Orozco 

Bibliografia:

KARDEC, Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa I. 2ª Edição. Brasília/DF, Federação Espírita Brasileira, 2018.

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa II. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

ROCHA, Cecília (Organizadora). Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita: programa complementar. Tomo Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

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