A influência moral dos médiuns nas comunicações dos Espíritos
A
influência moral dos médiuns nas comunicações dos Espíritos
A presença ou ausência de faculdade mediúnica não
guarda relação com a moralidade do médium, porque esta faculdade reside no
organismo e independe da moral. Já o seu uso pode ser bom ou mau, de acordo com
as qualidades do médium.
A faculdade mediúnica é inerente ao psiquismo
humano, cujo desenvolvimento, natural e gradativo, segue a evolução moral e
intelectual do médium ao longo das reencarnações sucessivas e dos estágios
vividos no plano espiritual.
A mediunidade pode ser concedida a alguém como meio
de melhoria espiritual, em que o indivíduo renasce com a organização física
compatível e a sensibilidade aguçada para um tipo de mediunidade, mediunidade-tarefa
ou mediunidade-compromisso.
Médiuns que fazem mau uso da faculdade
mediúnica, cedo ou tarde, responderão pelos seus atos, pois este dom divino é
concedido para promover os progressos espirituais próprios e dos nossos
semelhantes.
As mensagens mediúnicas sérias exigem
responsabilidades morais dos médiuns, que devem se evangelizar mediante os
estudos necessários e no trabalho edificante na prática do bem.
Os Espíritos orientadores aconselham com
educação e não interferem no livre-arbítrio das pessoas. Esses Espíritos dão as
suas lições com reserva, de modo indireto, para não tirarem o mérito daquele
que sabe aproveitá-las e aplicá-las, mas o orgulho e a cegueira de certas
pessoas são tão grandes que elas não reconhecem a finalidade dessas lições.
Uma boa regra de conduta é o médium considerar
que as orientações e os conselhos transmitidos pelos bons Espíritos são,
primeiramente, dirigidos a si mesmo. Ainda que o médium não apresente a
desejável melhoria moral, ele deve se esforçar para adquiri-la porque faz parte
do processo educativo de todo ser humano o desenvolvimento de virtudes.
É possível, mesmo em situações adversas, que o
médium possa transmitir mensagens de um Espírito superior. Isto pode acontecer
em, pelo menos, três situações: se não há no grupo um medianeiro que ofereça
melhores condições de transmissão da mensagem; porque o Espírito comunicante
pode ter a intenção de conduzir o médium a uma reflexão sobre a própria conduta
moral e o que fazer para corrigir-se; e por surgir uma necessidade premente de
auxílio ao grupo, no qual o médium atua.
Os benfeitores espirituais, contudo, procuram
elucidar de forma impessoal, fazendo com que suas comunicações alcancem o grupo
e tenham uma abrangência ampla.
No entanto, não há dúvidas de que o médium
exerce significativa influência moral nas mensagens mediúnicas recebidas, daí o
cuidado de serem analisadas, com lucidez e isenção de ânimo, antes de serem
divulgadas.
O egoísmo e o orgulho são graves obstáculos à
prática mediúnica harmônica, pois que são dois corredores sombrios,
inclinando-nos ao vício e à delinquência, em angustiantes processos obsessivos.
Só o bem é capaz de filtrar a inspiração divina, mas, para isso, é
indispensável não apenas admirá-lo e divulgá-lo; acima de tudo, é preciso
querê-lo e praticá-lo com todas as forças do coração.
Assim, o
médium, como instrumento, exerce grande influência sob o aspecto moral, porquanto
o Espírito desencarnado identifica-se com o Espírito do médium mediante simpatia
e afinidade para se comunicar.
A alma do médium exerce uma atração ou repulsão
sobre o Espírito comunicante, conforme o grau da semelhança existente entre
eles. Os bons têm afinidade com os bons e os maus com os maus, sendo que as
qualidades morais do médium exercem influência capital sobre a natureza dos
Espíritos que por ele se comunicam. Se o médium é vicioso, em torno dele se vêm
agrupar os Espíritos inferiores, sempre prontos a tomar o lugar aos bons
Espíritos evocados.
Os Espíritos inferiores exploram com habilidade
o orgulho dos médiuns, que cega e causa a queda de muitos medianeiros que poderiam
ser instrumentos notáveis e úteis. Presos a Espíritos mentirosos, as faculdades
mediúnicas, depois de pervertidas, são aniquiladas, humilhando os médiuns em
amargas decepções.
Por outro lado, o médium, que compreende o seu
dever, atribui a Deus as boas coisas que obtém, afastando o orgulho de uma
faculdade que não lhe pertence, visto que ela pode ser retirada.
É importante ressaltar o trabalho específico de
socorro aos Espíritos sofredores, no exercício do qual médiuns prestimosos doam
os seus recursos mediúnicos em auxílio de Espíritos em nível evolutivo inferior
ao seu. Não se trata aí do intercâmbio com Espíritos simpáticos ao médium, mas
de tarefa de sacrifício por amor, supervisionada pelos Orientadores
Espirituais.
Sendo assim, evidencia-se para todos aqueles que
se dedicam ao trato da mediunidade a necessidade de empreenderem os melhores
esforços para a própria renovação moral, buscando, dia a dia, transformar as
antigas imperfeições em valores positivos da alma, uma vez que, só desse modo, encontrarão
a paz da consciência pela certeza do dever cumprido.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan; tradução de Guillon Ribeiro. O
Livro dos Médiuns. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira,
2019.
MOURA, Marta Antunes de
Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa I.
2ª Edição. Brasília/DF, Federação Espírita Brasileira, 2018.
MOURA, Marta Antunes de
Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa II.
2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
ROCHA, Cecília (Organizadora).
Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita: programa complementar. Tomo
Único. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

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